terça-feira, 7 de abril de 2009

Metalinguagem


Hoje eu quero escrever novamente sobre o ato de escrever.
Cheguei em casa tarde e cansada.
Mas com uma vontade incrível de escrever.
Já anotei umas rimas...

Ando por demais matalingüística. Fazer o quê? Deve ser uma fase, né?
Assim como alguns fotógrafos retratam apenas a natureza...
Ou como uns cineastas têm predileção pelo drama ou pela comédia...
Assim como estive e ainda estou totalmente na minha fase POESIA...
(poesia esta que mudou a minha visão de mundo: hoje ouço música de forma diferente, ouço as palavras de forma diferente, todos os textos têm um sabor especial, mesmo a prosa, depois que descobri a poesia!!!).
Tenho refletido demais sobre o ato de escrever.

Um pouco porque tenho sido questionada sobre isso diariamente.
Antes, poucos sabiam que eu escrevia.
E os poucos que sabiam são os que também escrevem! Hehehe!
Então eles perguntavam menos!
E um pouco porque ando cada vez mais apaixonada pelas letras!
Mais e mais apaixonada pelas coisas que leio e pelo ato de escrever.

Tem gente que gosta de ler e não gosta de escrever.
Para mim as duas coisas estão absolutamente interligadas.
Sempre que leio algo (bom!), a minha cabeça dá loopings e penso em coisas que posso escrever.

Escrever é a minha droga. É um vício que chega a ser físico.
Ainda bem que não é ilícito.
É o atalho que eu pego para fugir do mundo – e às vezes até de mim mesma.
É a melhor estratégia que eu já testei para me auto-enganar.
É a forma de transmutação de sentimentos mais eficaz que existe.

Tenho o hábito de andar sempre com papel e caneta e se não os carrego comigo, me sinto insegura. É como se pudesse ter uma idéia a qualquer momento e ela pudesse ser esquecida pela ausência de papel (sim, de um modo geral, esqueço até mesmo as idéias mais fantásticas na correria do dia a dia... Tenho que anotar tudo!).

Tenho também o hábito de mandar e-mails para mim mesma com as idéias mais estapafúrdias. Depois fico com uma coleção imensa de idéias para desenvolver... Uns trechos em papel, outros trechos em e-mails...

Também reparo como as pessoas observam quando estamos fazendo alguma anotação em um pedaço de papel. Poucos deixam de olhar e até mesmo espichar o olho para ver o quê estamos escrevendo! Parece até que só seres alienígenas escrevem, tamanho o estranhamento das pessoas quando nos vêem com papel e caneta, anotando algo que não seja um número de telefone ou o endereço onde se quer chegar.

Eu percebo que escrevo melhor sob o impacto das emoções, sejam elas boas ou más. Não necessariamente de acordo com as emoções, mas sob o impacto delas. Nem sempre em um momento feliz escrevo uma história triste ou vice-versa. Às vezes, em um momento triste, escrever uma história feliz traz alívio imediato.

Escrever é, de certa forma, representar.
Um escritor é um ator que experimenta todos os papéis.

No papel, podemos amar, morrer, matar, nos vingar, sobreviver, ressuscitar, perdoar, renascer. “O papel aceita tudo”. Que bom, não é mesmo? Podemos ser outros, sem deixar de sermos nós.

Para escrever, preciso ter um líquido emocional com o qual brincar e mexer... Como uma bruxa em seu caldeirão... É necessário um caldo emocional para transformar em palavras.

Em épocas de secura emocional, escrevo menos. Sob o impacto de emoção nenhuma, escrevo zero (se é que consigo ficar mais de um minuto sob o impacto de emoção nenhuma!).

Percebi, há uns tempos atrás, quando me pediram uns “favorzinhos” para escrever umas mensagens de forma meio burocrática... Que escrever sem emoção é tão árduo quanto qualquer outra atividade que se execute sem paixão.

Eu ando escrevendo mais.
As músicas que ouço no rádio, me inspiram.
Os livros que leio, me inspiram.
As conversas que escuto... Tudo o que vejo...
Determinadas palavras, quando eu ouço, dão um estalo.
Algumas histórias, quando me contam, eu penso “isso não é vida, isso é literatura”.
Algumas coisas que eu sinto, transformo, remendo e escrevo.
Quando sinto qualquer tipo de incômodo emocional... Eu escrevo!

Escrever é uma forma de transbordar.
Quando estou sentindo demais, os sentimentos têm que sair de algum lugar.
Que saiam dos dedos então, sobre o teclado.
Que saiam catalisados e algumas vezes até camuflados, mas que não fiquem dentro de mim.
Que não sejam só meus, senão explodo.
Quando escrevo, sou eu de verdade. O resto é tudo ficção.

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