quarta-feira, 29 de julho de 2009

One More...


Espelho

Não reconheço
Nesse homem
Esse queixo
Esse abdômen

Essa ruga
Bem na testa
A pouca barba
Que lhe resta

Ainda olho no espelho
Essa cara
Esse cabelo
Essa boca
Bem no meio
E um olhar
Um tanto alheio

Seus traços
Suas rugas
Junto os cacos
Lembro rusgas

Eu olho
E me ajoelho
Serei eu mesmo
Nesse espelho?

terça-feira, 28 de julho de 2009

Fazendo eco com a minha amiga Sandra...


ARTE

NÃO TEM NORMA

PODE SER

DE QUALQUER FORMA!


Acredito nisso.

Gosta de arte abstrata? Ok.

Pop art? Por quê não?

Lê best sellers? É um direito seu!

Quadrinhos?

Clássicos?

Acha ópera um porre?


Gente, pelo amor de Deus...

Já temos regras de trânsito...

Manuais de etiqueta...

Normas de conduta...

Leis de todos os tipos...

Regras do trabalho, do condomínio...


ARTE É ARTE. PRONTO.

sábado, 25 de julho de 2009

Poeminha




LÍNGUA
Veja na minha língua
Toda sede
E toda míngua
Toda dor
Que ela respinga

Cada palavra
Que se vinga
Toda vez
Que alguém me xinga
Como se fosse
Uma mandinga

Veja na minha fala
Cada odor
Que ela exala
Tanta dor
Que não se cala
Com um furor
Que não se abala

Veja na minha língua
Eu só tenho um coringa
E uma gotinha mais
De pinga
Veja antes
Que se extingua

domingo, 19 de julho de 2009

Despedida


Despeço-me. Ou melhor, despedimo-nos: a despedida é sempre entre duas partes.
Não é uma despedida definitiva, cada qual para o seu lado: é apenas um até breve.
Você vai, pega um avião, mês que vem tá aí de novo.
Não nos veremos nos próximos dias, a não ser pela webcam (e ainda bem que existe webcam!).
O que é um tanto triste, mas não assim de se morrer de desespero.
A tecnologia ajuda muito nas despedidas breves (em despedidas tipo final de namoro ou final de casamento, ou mesmo morte, não serve pra nada, mas para despedidas breves, de quem viaja ou muda de cidade, ajuda muito).
A nossa despedida é do tipo contornável tecnologicamente. Nos falaremos via e-mail, todos os dias, como é de se esperar.
E continuaremos com nossos papos e planos e projetos e risadas tipo hehehe. E, tudo bem, fofocas.

Você vai, eu fico. Talvez eu sofra mais. Meu dia a dia será o mesmo, sem grandes novidades.
Nos meus almoços você não estará mais presente. Não ficaremos mais um século para decidir onde almoçar, indo, finalmente, sempre ao mesmo lugar.
A sua rotina, em outro ambiente, levará à distração.
Nova cidade, novos ares, novas pessoas.

Voltará com muitas idéias, fotos e vontade de ir aos lugares que sempre fomos, como se fosse impossível viver sem eles.

Sou do tipo chorona. Até em despedidas do tipo breve e contornáveis via web, tenho certa tendência às lágrimas. Talvez seja uma propensão genética.

De toda forma, dessa vez, me segurei e não chorei.
Não fiz discursos, evitando o sentimentalismo.
Percebo que você vai feliz.

Ficarei aqui, aguardando os seus e-mails.

E viva a internet, que nos unirá no mesmo plano, mesmo estando tão distantes fisicamente.

Só não esqueça de mim!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

"CONSIDERAÇÕES ACERCA DO MUNDO"

Escrever ultrapassa o momento da escrita: acontece quando você dorme e tem um sonho revelador. Quando você ouve aquela música e tem um insight. Quando alguém fala algo engraçado, tosco, revoltado. Quando você ama tanto alguém que quer homenageá-lo com um personagem. Quando você detesta tanto alguém que quer transformá-lo em um bandido sórdido com direito a se estrepar no final da história, sublimando todos os seus sentimentos em relação àquele ser, tipo assim “tudo bem, seu imbecil, você é um grande babacafilhodaputa, mas pelo menos serve de inspiração para um bandidinho de quinta na minha história de primeira”. Quando você vê o mocinho e a mocinha se beijando no final do filme e solta um suspiro. Quando tem alguém do seu lado no ônibus falando ao celular e você fica ouvindo tudo, imaginando como será a vida daquela pessoa. Quando você está há horas com insônia e começa a ver fantasmas.

Escrever é acumular todas as experiências de leitura e vida e aglutinar as palavras de uma forma inédita, toda sua.

É a minha forma de organizar as idéias. Há pessoas que possuem o cérebro bem compartimentado, onde cada informação que entra é imediatamente catalogada e encaminhada ao local mais propício, estando prontamente disponível quando necessário.

Eu não. As informações que entram se misturam todas, ficam lá dançando... Há umas que busco e não acho, há outras que não busco e acho, e assim vou levando.

Li algumas coisas sobre isso. Hoje sei que não ser tão prática-objetiva-realista-racional tem os seus percalços (e como tem!), mas tem também as suas vantagens. Os cérebros dos seres humanos são diferentes. Os que possuem cérebros organizados tal qual uma biblioteca, com todas as informações catalogadas, possuem mais facilidade para alguns tipos de tarefas, mas não são tão criativos. Não olham para as nuvens do céu imaginando desenhos, por exemplo. Suas sinapses são mais realistas e estão ocupadas com coisas mais concretas, como as contas a pagar, os números, os prazos, as datas, as metas, a ordem... E outras tantas que não me recordo.

Não é possível ter tudo.

Escrever é a forma que encontro para extravasar os bons e os maus sentimentos. É a atividade em que passo horas absorvida, concentrada, empolgada, envolvida.

É uma catarse que me cura.

Tudo o que acontece de real é matéria prima para a ficção, afinal de contas. E eu amo a ficção, tanto a poesia, quanto a prosa. Não sei o que seria dos seres humanos se não fosse a ficção nesse mundo tão amargo, violento, cruel e sem explicação. Mesmo os que não gostam de ler têm uma grande dose de ficção em suas vidas, tanto na televisão, quanto no cinema, nos sonhos noturnos, nos sonhos acordados, nas histórias que contam e que ouvem... Na música, no teatro... E em locais que muitos nem imaginam que possam encontrá-la, como na religião, nos telejornais e na fala do presidente.

Entretanto, todos os dias, nesse afã de escrever mesmo quando não estou escrevendo, vejo, ouço e sinto coisas falando para mim mesma “guarde isso para uma história”.

Só que antes de transformar isso tudo em história, eu precisaria de um personagem, um enredo, um local, uma conjuntura. Precisaria alterar nomes, datas, características físicas. Precisaria adicionar alguns temperos, cortar uns exageros, costurar alguns pedaços. A ficção exige engenho e arte.

Assim, pensei seriamente em escrever crônicas (abandonar a ficção? Jamais! Escrever de tudo um pouco, isso sim). Crônicas tipo as de jornal, onde o cronista fala desde a crise mundial até sobre o inverno, o restaurante, a morte, o trânsito ou o desfile de moda. Aquela opinião sobre tudo e sobre nada, aquela visão de mundo particular, narrada em primeira pessoa, com um pouco mais de razão e um pouco menos de emoção.

São literatura? São jornalismo? Um gênero híbrido? Oh, o que serão as crônicas?

E isso lá importa?

Talvez importe para os que têm o cérebro tipo catálogo, como os acima citados. Para os que têm o cérebro ligeiramente caótico, como o meu, tanto faz como tanto fez. Podem ser jornalismo, literatura, os dois juntos ou nada disso. Podem ser úteis ou inúteis, tanto faz. Podem se assemelhar ao conto, podem não se assemelhar a nada.

Ah, sim, as crônicas são opiniões. Não sou o Obama, não sou celebridade, não sou uma assumidade intelectual, não sou nada. Quem se interessará pelas minhas opiniões além de mim mesma?

Não sei. Talvez alguns, por concordarem ou discordarem dos meus pontos de vista. Talvez ninguém. Talvez a mãe, o pai e os irmãos, por conta dos laços de sangue.

O Jô Soares disse “Tem gente que gosta de opinar sobre tudo: do cocô à bomba atômica”. Se esse é o meu caso? Creio sinceramente que não. Alguns (muitos) assuntos definitivamente não me interessam e não sou capaz de formular opiniões sobre eles. Futebol é um exemplo.

Entretanto, sinto que preciso das crônicas. Tenho fragmentos de realidade dentro de mim que demorariam um bocado para serem transmutados em ficção. Tenho perguntas, indignações, medos, conflitos, protestos particulares... Tenho a vontade de treinar o meu olhar para o cotidiano, a realidade, as notícias diárias... E a necessidade de escrever sobre isso tudo.

Assim, “Considerações Acerca do Mundo” são as minhas opiniões sobre tudo e sobre nada. São infundadas? Superficiais? Tendenciosas? Liberais? Ocidentais? Caóticas? Budistas? Profundas? Mornas? Pobres? Justas? Sinceras? Camufladas? Inéditas? Irônicas?

Não são nada disso. São pós-modernas, isso sim. Pós-modernas no sentido de serem escritas no século XXI, sem rótulos e sem preocupação com os mesmos.

São minhas e não são absolutas. Como diria o Raul Seixas “eu prefiro ser/ essa metamorfose ambulante/ do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...”.

E de resto... Não são mais nada! São apenas tinta no papel.

Ou o que a Constituição chama de Liberdade de Expressão.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Meu texto na peça...

Adorei, Rick!

Não me pregue nenhuma peça...
Leia o texto e me peça...
E ele entra lá na peça!
Aeeee!