Vou dar uma de recenseador, sem crachá nem nada. Vou passar de casa em casa perguntando o que a pessoa pensa que é a vida, como ela vai de amores, se ela escreve poemas, qual a sua comida predileta. "Para qual time você torce? O que você vai fazer amanhã? E depois de amanhã? E no ano que vem? Lê jornais com freqüência? Qual a última vez que foi ao cinema e qual o filme que assistiu? Qual seu livro de cabeceira? Fuma? Cigarro? Cachimbo? Charuto? Maconha? Já teve catapora? Qual a piada mais engraçada que já ouviu na vida? Acredita em Deus? Você pode assinar aqui pra mim, por favor? Obrigada e tenha um bom dia. Passar bem".
terça-feira, 31 de março de 2009
segunda-feira, 30 de março de 2009
Nada
Eu...
E que serei eu, nesta vida?
O que delimita o que é mundo, o que sou eu?
Qual o limite exato entre o que sou e o que jamais serei?
Qual a célula de mim que faz fronteira com uma célula do mundo, que não me pertence?
Se é que algo me pertence e não o contrário: eu que pertenço a algo.
Não, não é possível ter tudo. E nem sequer a metade.
É possível ter apenas um fragmento do mundo e olhe lá: mesmo ele pode nos escapar das mãos a qualquer momento.
Não é possível ter todos: não é possível ter ninguém.
Cada qual pertence a si só, exclusivamente.
Não é possível ter bom senso e nem felicidade, mas é necessário persegui-los como se possível fosse.
Nem é possível ter um amor: só o que é possível é estremecer na presença de um certo alguém.
Todas as possibilidades são impossíveis: são apenas tentativas vãs de concretizarem-se.
Não é possível ser muito e nem tampouco ser nada: é preciso existir, querendo ou não.
Querer não conta. Existir ou não está acima de qualquer desejo.
O mundo é tão cheio e vivemos tão vazios.
E o vazio dói uma dor ambígua: plena e ao mesmo tempo oca, que preenche e corrói.
Cheios doemos menos. Por isso estamos sempre absorvendo tudo quanto nos aparece: quando cheios, as dores reverberam menos. Há pouco espaço para o eco.
Viver consiste em encher o cérebro com tudo o que o mundo pode oferecer: idiomas, notícias, conhecimentos diversos e hábitos repetitivos. Cheios, absorvemos melhor os impactos - os estragos são menores.
Viver consiste em encher o coração com tudo o que se puder experimentar: seja alegria, seja tristeza, seja candura, seja dureza.
Viver não é nada mais do que se encher de mundo de forma a camuflar-se.
E no final, dá nisso: nunca sabemos o que somos nós e o que é mundo.
Nunca sabemos nada.
E que serei eu, nesta vida?
O que delimita o que é mundo, o que sou eu?
Qual o limite exato entre o que sou e o que jamais serei?
Qual a célula de mim que faz fronteira com uma célula do mundo, que não me pertence?
Se é que algo me pertence e não o contrário: eu que pertenço a algo.
Não, não é possível ter tudo. E nem sequer a metade.
É possível ter apenas um fragmento do mundo e olhe lá: mesmo ele pode nos escapar das mãos a qualquer momento.
Não é possível ter todos: não é possível ter ninguém.
Cada qual pertence a si só, exclusivamente.
Não é possível ter bom senso e nem felicidade, mas é necessário persegui-los como se possível fosse.
Nem é possível ter um amor: só o que é possível é estremecer na presença de um certo alguém.
Todas as possibilidades são impossíveis: são apenas tentativas vãs de concretizarem-se.
Não é possível ser muito e nem tampouco ser nada: é preciso existir, querendo ou não.
Querer não conta. Existir ou não está acima de qualquer desejo.
O mundo é tão cheio e vivemos tão vazios.
E o vazio dói uma dor ambígua: plena e ao mesmo tempo oca, que preenche e corrói.
Cheios doemos menos. Por isso estamos sempre absorvendo tudo quanto nos aparece: quando cheios, as dores reverberam menos. Há pouco espaço para o eco.
Viver consiste em encher o cérebro com tudo o que o mundo pode oferecer: idiomas, notícias, conhecimentos diversos e hábitos repetitivos. Cheios, absorvemos melhor os impactos - os estragos são menores.
Viver consiste em encher o coração com tudo o que se puder experimentar: seja alegria, seja tristeza, seja candura, seja dureza.
Viver não é nada mais do que se encher de mundo de forma a camuflar-se.
E no final, dá nisso: nunca sabemos o que somos nós e o que é mundo.
Nunca sabemos nada.
domingo, 29 de março de 2009
One more...
sábado, 28 de março de 2009
Vá embora
Agora, por favor, vá embora.
Você já me trouxe tudo o que podia.
Já me trouxe o novo e o velho.
Já fez com que eu desse o meu melhor, ao menos para impressioná-lo.
A partir de agora, tudo seria reprise.
Tudo seria prolongar o sofrimento.
Eu já sinto que você me escapa por entre os dedos.
Vá embora de uma vez, não te quero ver partindo.
Pode ir que eu me agüento.
Antes de saber da sua existência, eu vivia.
Pode ir que vai dar certo.
Não vai me faltar ar e nem cobertor.
Você já me trouxe tudo o que podia.
Já me trouxe o novo e o velho.
Já fez com que eu desse o meu melhor, ao menos para impressioná-lo.
A partir de agora, tudo seria reprise.
Tudo seria prolongar o sofrimento.
Eu já sinto que você me escapa por entre os dedos.
Vá embora de uma vez, não te quero ver partindo.
Pode ir que eu me agüento.
Antes de saber da sua existência, eu vivia.
Pode ir que vai dar certo.
Não vai me faltar ar e nem cobertor.
Quem troca?
quinta-feira, 26 de março de 2009
A hora sagrada das refeições
- Como você não vai comer alface?
- Não vou e pronto! Não quero alface.
- Está cada vez mais difícil de se fazer comida nessa casa! Onde já se viu não comer alface! Faz tão bem! Eu tenho saudades de quando vocês eram pequenos e comiam de tudo. E eu que achava que eram as mães que não ensinavam os filhos a comerem direito...
- Tem razão a mãe de vocês. Lúcia, eu já falei, quem não gosta não come, não tem essa de fazer comida diferente! Olhem aqui, crianças, eu como alface, estão vendo só?
- Mas não toma sopa de legumes, o que dá no mesmo! A mamãe nunca faz sopa de legumes quando você está em casa, já alface tem todo dia!
- Uma coisa não tem nada a ver com a outra! Sopa de legumes me ataca o fígado.
- E pimentão recheado com brócolis?
- Aumenta o meu colesterol!
Pai e filho mais velho discutindo, a mãe se entupindo de alface para não desperdiçar, a filha do meio resolveu se posicionar:
- Pior de tudo quando tem peixe e eu tenho que suportar aquele cheiro horrível! Bife, então, nem se fala!
- Só porque você é vegetariana você acha que todo mundo tem que jantar cenoura com beterraba? - retrucou o irmão.
- Carne faz mal, além de que, imagine o animal morrendo, a carne dele sangrando... Que nojo! As tripas do animal, o intestino...
O filho mais velho correu para o banheiro para vomitar o bife que estava mastigando. A mãe advertiu a filha do meio que aquelas coisas não se diziam durante as refeições, enquanto o pai engolia o bife para não dar o braço a torcer.
A mãe prosseguiu com o discurso do alface, que agora incluía pepinos e tomates.
- Não vou e pronto! Não quero alface.
- Está cada vez mais difícil de se fazer comida nessa casa! Onde já se viu não comer alface! Faz tão bem! Eu tenho saudades de quando vocês eram pequenos e comiam de tudo. E eu que achava que eram as mães que não ensinavam os filhos a comerem direito...
- Tem razão a mãe de vocês. Lúcia, eu já falei, quem não gosta não come, não tem essa de fazer comida diferente! Olhem aqui, crianças, eu como alface, estão vendo só?
- Mas não toma sopa de legumes, o que dá no mesmo! A mamãe nunca faz sopa de legumes quando você está em casa, já alface tem todo dia!
- Uma coisa não tem nada a ver com a outra! Sopa de legumes me ataca o fígado.
- E pimentão recheado com brócolis?
- Aumenta o meu colesterol!
Pai e filho mais velho discutindo, a mãe se entupindo de alface para não desperdiçar, a filha do meio resolveu se posicionar:
- Pior de tudo quando tem peixe e eu tenho que suportar aquele cheiro horrível! Bife, então, nem se fala!
- Só porque você é vegetariana você acha que todo mundo tem que jantar cenoura com beterraba? - retrucou o irmão.
- Carne faz mal, além de que, imagine o animal morrendo, a carne dele sangrando... Que nojo! As tripas do animal, o intestino...
O filho mais velho correu para o banheiro para vomitar o bife que estava mastigando. A mãe advertiu a filha do meio que aquelas coisas não se diziam durante as refeições, enquanto o pai engolia o bife para não dar o braço a torcer.
A mãe prosseguiu com o discurso do alface, que agora incluía pepinos e tomates.
O pai, de boca cheia, resmungou qualquer coisa sobre o regime da filha e o filho resolveu fazer um sanduíche (só com queijo).
A discussão continuou porque a filha não queria repetir o arroz com lentilha - justo lentilha, que tem tanto ferro e era tão importante para ela porque já não comia carne.
Em meio a tanta discussão, a mãe falara que não ia mais fazer comida, já que ninguém comia mesmo, e assim poderia assistir a novela das sete, que sempre quis ver mas nunca pôde, já que estava sempre atarefada na cozinha neste horário.
O pai reclamou que ela gastou um dinheirão no curso de culinária e ele não podia comer porcarias por causa do fígado sensível.
A filha do meio levantou-se dizendo que a chamassem na hora de lavar a louça, enquanto o filho mais velho recusou também a salada de frutas.
O pai disse que trabalhava o dia todo e na hora de reunir a família para uma refeição era isso que acontecia. E ainda completou:
- No meu tempo não era assim! Nós inclusive fazíamos uma oração em agradecimento ao alimento que estava na mesa. Mas hoje em dia ninguém mais dá valor a nada mesmo! Nem à comida, nem à família...
A mãe estava a ponto de meter a cabeça no forno ou fazer mal uso da faca, mas ainda restava uma folha de alface em seu prato.
A única pessoa que permanecia inalterável em meio aquele escândalo - sim, porque agora a mãe chorava culpando-se por não saber fazer bobó de camarão - era a filha mais nova, feliz da vida por ninguém ter ainda percebido que estava comendo lentilha com catchup.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Vamos lá
Movimento de rotação. Dia. Noite. Dia. Noite. Movimento de translação, entra ano, sai ano, entra ano. De novo. E a gente nem percebe, mas essas coisas mexem com a gente. Quando dizem que o mundo dá voltas, é literalmente, não apenas em sentido figurado. Assim como a gente muda, às vezes loucamente, nem percebe. Assim como entra e sai estação, como começam e acabam as fases da lua e a gente nem nota. Ninguém nem vê o andar dos ponteiros do relógio. Vamos apenas indo, seguindo, continuando, no fluxo, na inércia. Vamos sem saber para onde e sem saber porquê. Vamos apenas.
terça-feira, 24 de março de 2009
Poema escrito em parceria!
segunda-feira, 23 de março de 2009
Segunda-Feira é F%#@!!! Fogo!
TELEFONE
A minha cabeça está cheia
De histórias inteiras
E de palavras soltas
Além de números de telefone
E senhas mil
E caminhos, roteiros
Para lá e para cá
Está cheia ainda
De datas e dados
E outras coisas que não posso
Jamais esquecer
Mas o telefone toca
(E como toca!)
Diriam alguns: é para isto que serve, afinal
Sinal de que não tem problemas de fabricação
Eu, cá comigo, penso
Tem o defeito de servir e funcionar
Tocando sem parar
E nem deveria se chamar telefone
Mas sim, "insolente"
Com seu toque estridente
E sua mania intransigente
De me manter acessível para o mundo
Enquanto os meus fragmentos
Clamam por atenção exclusiva
Um pouco de ordem
E quem sabe até... Paz...
A minha cabeça está cheia
De histórias inteiras
E de palavras soltas
Além de números de telefone
E senhas mil
E caminhos, roteiros
Para lá e para cá
Está cheia ainda
De datas e dados
E outras coisas que não posso
Jamais esquecer
Mas o telefone toca
(E como toca!)
Diriam alguns: é para isto que serve, afinal
Sinal de que não tem problemas de fabricação
Eu, cá comigo, penso
Tem o defeito de servir e funcionar
Tocando sem parar
E nem deveria se chamar telefone
Mas sim, "insolente"
Com seu toque estridente
E sua mania intransigente
De me manter acessível para o mundo
Enquanto os meus fragmentos
Clamam por atenção exclusiva
Um pouco de ordem
E quem sabe até... Paz...
domingo, 22 de março de 2009
sábado, 21 de março de 2009
Post da madrugada...
quinta-feira, 19 de março de 2009
As duas meia-faces de uma professora de matemática
Suas aulas eram um problema sem solução:
Todos queriam dividi-la ao meio;
Seu mal tinha raiz cúbica;
As broncas eram multiplicadas;
Os pontos negativos somados;
As notas subtraídas e
Seu mal tinha raiz cúbica;
As broncas eram multiplicadas;
Os pontos negativos somados;
As notas subtraídas e
por não se poder usar calculadoras, as cabeças fundidas.
A potência de sua cabeça era zero, de expoente um.
Segundo ela, os alunos eram “um parêntese difícil de se resolver”.
Segundo ela, os alunos eram “um parêntese difícil de se resolver”.
Enquanto falando em porcentagem, o resultado era unânime: cem por cento de chatice para cem por cento dos votos.
De todas as incógnitas, a maior era sobre as equações, muitos duvidavam que ela tinha o primeiro grau completo.
Outros achavam que ela não simpatizava muito com os números naturais, pois só comia enlatados em conserva.
Sobre os números inteiros, achavam-na de inteira implicância, e dos racionais, era o oposto: totalmente irracional.
Talvez por sua dificuldade em se expressar, ninguém entendia direito expressão.
De negativo tinha tudo, segundo uns.
Era um zero à esquerda, na opinião de outros.
Sua morte foi outra incógnita: provavelmente um aluno reprovado seria o assassino, mas essa era uma dica fria, pois nenhum se salvara da recuperação.
Morreu dividida em dois, como todos queriam.
quarta-feira, 18 de março de 2009
Vida eterna
Todos os jornais anunciavam a fantástica notícia de que naquele dia não morrera absolutamente ninguém em todo o mundo, fato inédito e inacreditável.
A surpresa atingiu toda a população, em especial pessoas como Petrônio, que achavam a morte (mais especificamente a delas) era um grande desperdício - não conseguiam imaginar o mundo sem as suas fabulosas presenças.
Petrônio julgava-se de fundamental importância para o bom andamento das relações humanas e do planeta em geral e que, conseqüentemente, a única forma cabível de agradecimento divino era a concessão da imortalidade para ele.
Por isso não gostou do fato de não morrer ninguém naquele dia: em sua modesta opinião nem todos faziam por merecer tal dádiva.
Algumas pessoas brincaram dizendo que Deus estava em férias, outras rezaram preces de agradecimento e alguns até pediram para morrer um dia.
Assassinos de plantão em busca dos seus cinco minutos de fama não faltaram, mas na verdade nenhum deles conseguiu estragar um dia tão diferente.
O Presidente da República falou em cadeia nacional que a saúde pública estava melhorando, a violência estava diminuindo e o uso obrigatório de cintos de segurança estava dando bons resultados.
Joãozinho, por sua vez, achou uma grande injustiça dizerem que não havia morrido ninguém se morrera a sua tartaruga de estimação, até sua mãe explicar que a situação era diferente.
Nesse dia a grande maioria da população dormiu um sono tranqüilo, acompanhado de um sorriso de paz no rosto.
Outro dia amanheceu e não se falava em outra coisa: era imortalidade por todo o lado.
À medida que o tempo passava, aumentavam ainda mais as expectativas. Será que alguém morreria naquele dia?
À meia-noite o plantão da televisão informava que aquele era mais um dia sem a ocorrência de nenhum óbito, aumentando ainda mais o falatório.
As pessoas agora falavam sobre o apocalipse; padres, freiras e teólogos procuravam uma explicação para o ocorrido.
O Papa preferiu não se manifestar, mas uma cartomante disse alguma coisa sobre o valete de paus e o fim da violência.
Mães e pais de santo agrdeciam aos Orixás, os astrólogos explicavam tudo pela posição de Marte em relação ao Sol e os psiquiatras acreditavam que o aumento no uso de anti-depressivos ajudaram a diminuir bruscamente os índices de suicídio e violência.
Já no terceiro dia esse negócio de ninguém mais morrer estava perdendo a graça: ninguém mais acreditava que a professora de matemática morreria antes da prova, por exemplo.
Políticos de todas as nacionalidades prometiam prosseguir lutando pelo povo, agora não mais pelo resto de suas vidas, mas "para todo o sempre".
Os médicos estavam divididos: enquanto alguns atribuíam tudo aos avanços da medicina, os médicos legistas não viam graça em nada daquilo, já estava ficando maçante não fazer nada o dia todo.
Em todo o globo as idéias de suicídio aumentavam proporcionalmente ao tédio; o que os filósofos achavam perfeitamente normal, tendo em vista o imesno vazio interior que a imortalidade trazia.
Petrônio começava a achar que se Deus realmente tivesse alguma dívida para com ele esta deveria ser paga com a morte, para diferenciá-lo dos demais.
Idealistas de todo o planeta previam imensos desastres ecológicos e acidentes de trânsito; enquanto os terroristas mais ousados planejavam chacinas e rebeliões.
O mundo estava na mais entediante paz.
Foi quando o Papa pensou em sacrificar-se em nome da humanidade, quem sabe até numa cruz, mas por fim achou que seria contra os dogmas da Igreja.
Os maiores problemas estavam na China, onde a superpopulação estava ainda mais super.
Os geógrafos não estavam acostumados a falar de natalidade sem a mortalidade, era tudo muito estranho.
Mas claro, chegou um dia em que alguém teve que morrer.
E vários morreram juntos, de fome.
A começar pelos coveiros e donos de funerárias.
terça-feira, 17 de março de 2009
=)
segunda-feira, 16 de março de 2009
Sonhos
Quem o autorizou a entrar nos meus sonhos?
Assim, na calada da noite.
Enquanto eu sonho acordada você está sempre presente, já sei, já me conformei.
Mas em meus sonhos noturnos, quando quero sossego?
Assim, na calada da noite.
Enquanto eu sonho acordada você está sempre presente, já sei, já me conformei.
Mas em meus sonhos noturnos, quando quero sossego?
Quando estou de pijama, sem maquiagem, sem salto, sem perfume?
De noite, quando tudo o que eu quero é um pouco de paz?
De noite, quando tudo o que eu quero é um pouco de paz?
Quando tudo o que eu quero é esquecer que você existe, para lembrar um pouco que eu existo também?
Aparecer em meus sonhos... Ah, quanta ousadia!
Se ao menos você pudesse também, aparecer ao vivo e em cores, nem que fosse uma vez por semana...
Aparecer em meus sonhos... Ah, quanta ousadia!
Se ao menos você pudesse também, aparecer ao vivo e em cores, nem que fosse uma vez por semana...
domingo, 15 de março de 2009
Felicidade
Viver bem consiste em ser feliz na medida certa: no ponto em que tudo está em paz, mas a alegria não escapa por entre os dedos, doendo no peito e brilhando nos olhos.
Felicidade demais dói.
Felicidade indolor tem que ser como a água: incolor, do tipo que ninguém nota.
Felicidade demais nos tira o sono, nos tira a fome, nos tira a paz.
Felicidade demais é insalubre.
Quero, para mim, uma felicidade tamanho M, por favor!
sábado, 14 de março de 2009
A química do amor
Assim que Ag e C se conheceram, eles logo souberam que eram reagentes-metade e haviam sido feitos um para o outro. Quando eles se olharam pela primeira vez saíram raios iônicos de seus olhos. Foi o que pode se chamar de reação à primeira vista.
O namoro teve diversas fases. Com o passar do tempo o relacionamento foi se solidificando e então aumentaram as pressões para que oficializassem essa reação.
Ele, em um grande gesto de amor, deu-lhe uma aliança de Au, ela ficou super emocionada. Era uma prova de que eles iriam compartilhar todos os seus elétrons.
A cerimônia de casamento foi marcada para dali algumas semanas, no Erlenmeyer. A lista de convidados foi feita a partir da tabela periódica, só seriam convidadas pessoas de família, e como o noivo era de muita solubilidade a imprensa daria algumas notas a respeito na coluna social.
Ela até fez um regimezinho para diminuir o seu número de massa e entrar no seu vestido de noiva, de modelo atômico. Ambos irradiavam felicidade e radioatividade por todos os prótons, haviam finalmente descoberto a fórmula do amor.
Casaram-se em comunhão total de elétrons, numa cerimônia que tinha átomos como padrinhos e moléculas como madrinhas, todos vestindo trajes leves devido à grande calorimetria do verão.
Os noivos estavam fora de orbital, especialmente porque passariam a lua-de-mel no diagrama de Pauling.
Ag tinha planos de ter muitos molzinhos e sonhava com as suas bodas de prata.
Na volta da viagem retomaram a vida normal: ela, atriz, passava grande parte do tempo em seus tubos de ensaio; ele, advogado, estudava a fundo as leis de Hess, Dalton, Proust, Lavoisier, Charles, Boyle - Mariotte, Gay - Lussol e Avogrado.
Ele dizia que tinha um milhão de nêutrons a mais que ela, mas ela nem ligava, ambos eram bastante inteligentes.
Havia, é claro, algumas diferenças básicas de personalidade: ele era muito radical, reativo e tinha problemas de gases. Ela queria tornar-se um fenômeno químico no teatro, e caráter metálico para isso não lhe faltava.
A alimentação deles era composta basicamente por substâncias simples, e ele também tinha funções inorgânicas nos serviços domésticos.
Até que um dia, por haverem desprezado o princípio da conservação de energia, houve um desgaste natural. C disse que ele era hipertenso e que aquela reação estava muito cheia de NaCl. Houve uma dupla troca de insultos:
- Você é uma cinética!
- Seu carbogeste!
Ela estava muito brava e passou toda a semana com um enorme bico de Bunsen, em profunda ebulição.
O casamento deles não era mais uma base sólida, a estequiometria existente entre eles parecia chegar ao fim.
Ela descobriu que o tempo todo ele a enganara: era tetravalente e tinha três outras ligações. Seu mais recente caso era com uma substância que de pura não tinha nada.
Ele agora era um alcoólatra, não vivia sem CH3OH. Até que um dia, após misturar bebidas fermentadas e destiladas, dirigindo bêbado e em movimento Browniano, causou um enorme acidente, atropelando e matando um hidrôgenio. Sua vida mais parecia uma usina nuclear, tinha explosões de raiva a todo instante.
O casamento deles era uma reação reversível, a solução encontrada foi uma separação por cristalização. Houve algumas discussões quanto à divisão das propriedades elétricas, ambos queriam ficar com o Ra.
Ag chorou muitas lágrimas de H2O, sua vida perdeu o brilho e ela recuperou o seu antigo número de massa. As coisas estavam literalmente pretas para ela.
C foi preso e condenado a dez anos de cadeia carbônica saturada, seus conhecimentos de leis não foram suficientes para salvá-lo.
Com o tempo acabou ficando amigo de um ciclano com quem veio a ter o primeiro relacionamento homogêneo da sua vida.
A vida de Ag teve uma enorme variação de entalpia, mas por mais que negasse, os sentimentos dela por C não haviam se evaporado por completo.
Ela conheceu diversos isóbaros, isótopos, isótonos e isoeletrônicos, teve diversas experiências, algumas até com cátions e ânions. Um de seus namorados deu-lhe até um anel benzênico, mas não adiantou.
Seu coração estava muito machucado, com apenas 25 anos teve que fazer uma ponte de hidrogênio.
O namoro teve diversas fases. Com o passar do tempo o relacionamento foi se solidificando e então aumentaram as pressões para que oficializassem essa reação.
Ele, em um grande gesto de amor, deu-lhe uma aliança de Au, ela ficou super emocionada. Era uma prova de que eles iriam compartilhar todos os seus elétrons.
A cerimônia de casamento foi marcada para dali algumas semanas, no Erlenmeyer. A lista de convidados foi feita a partir da tabela periódica, só seriam convidadas pessoas de família, e como o noivo era de muita solubilidade a imprensa daria algumas notas a respeito na coluna social.
Ela até fez um regimezinho para diminuir o seu número de massa e entrar no seu vestido de noiva, de modelo atômico. Ambos irradiavam felicidade e radioatividade por todos os prótons, haviam finalmente descoberto a fórmula do amor.
Casaram-se em comunhão total de elétrons, numa cerimônia que tinha átomos como padrinhos e moléculas como madrinhas, todos vestindo trajes leves devido à grande calorimetria do verão.
Os noivos estavam fora de orbital, especialmente porque passariam a lua-de-mel no diagrama de Pauling.
Ag tinha planos de ter muitos molzinhos e sonhava com as suas bodas de prata.
Na volta da viagem retomaram a vida normal: ela, atriz, passava grande parte do tempo em seus tubos de ensaio; ele, advogado, estudava a fundo as leis de Hess, Dalton, Proust, Lavoisier, Charles, Boyle - Mariotte, Gay - Lussol e Avogrado.
Ele dizia que tinha um milhão de nêutrons a mais que ela, mas ela nem ligava, ambos eram bastante inteligentes.
Havia, é claro, algumas diferenças básicas de personalidade: ele era muito radical, reativo e tinha problemas de gases. Ela queria tornar-se um fenômeno químico no teatro, e caráter metálico para isso não lhe faltava.
A alimentação deles era composta basicamente por substâncias simples, e ele também tinha funções inorgânicas nos serviços domésticos.
Até que um dia, por haverem desprezado o princípio da conservação de energia, houve um desgaste natural. C disse que ele era hipertenso e que aquela reação estava muito cheia de NaCl. Houve uma dupla troca de insultos:
- Você é uma cinética!
- Seu carbogeste!
Ela estava muito brava e passou toda a semana com um enorme bico de Bunsen, em profunda ebulição.
O casamento deles não era mais uma base sólida, a estequiometria existente entre eles parecia chegar ao fim.
Ela descobriu que o tempo todo ele a enganara: era tetravalente e tinha três outras ligações. Seu mais recente caso era com uma substância que de pura não tinha nada.
Ele agora era um alcoólatra, não vivia sem CH3OH. Até que um dia, após misturar bebidas fermentadas e destiladas, dirigindo bêbado e em movimento Browniano, causou um enorme acidente, atropelando e matando um hidrôgenio. Sua vida mais parecia uma usina nuclear, tinha explosões de raiva a todo instante.
O casamento deles era uma reação reversível, a solução encontrada foi uma separação por cristalização. Houve algumas discussões quanto à divisão das propriedades elétricas, ambos queriam ficar com o Ra.
Ag chorou muitas lágrimas de H2O, sua vida perdeu o brilho e ela recuperou o seu antigo número de massa. As coisas estavam literalmente pretas para ela.
C foi preso e condenado a dez anos de cadeia carbônica saturada, seus conhecimentos de leis não foram suficientes para salvá-lo.
Com o tempo acabou ficando amigo de um ciclano com quem veio a ter o primeiro relacionamento homogêneo da sua vida.
A vida de Ag teve uma enorme variação de entalpia, mas por mais que negasse, os sentimentos dela por C não haviam se evaporado por completo.
Ela conheceu diversos isóbaros, isótopos, isótonos e isoeletrônicos, teve diversas experiências, algumas até com cátions e ânions. Um de seus namorados deu-lhe até um anel benzênico, mas não adiantou.
Seu coração estava muito machucado, com apenas 25 anos teve que fazer uma ponte de hidrogênio.
sexta-feira, 13 de março de 2009
Protagonista
quinta-feira, 12 de março de 2009
Pecado
Abigail não era religiosa, aliás, muito pelo contrário.
Mas sabia quais eram os sete pecados capitais, isso qualquer um sabe.
Sabia e os cometia com freqüência, querendo e sem querer.
Só ainda não tinha matado ninguém e nem pretendia fazê-lo, aí já seria demais.
Na sua opinião, a religião jamais conseguiria podar sentimentos intrinsecamente humanos.
Inclusive, acreditava que o fato de alguns hábitos pertencerem à categoria pecado os tornava ainda mais atraentes.
Mas Abigail não pecava descomedidamente, a cada segundo do dia, não.
Também não pecava todos os pecados na mesma proporção.
Assim como todos os seres humanos, possuía um pecado preferido, sua característica mais marcante, o seu ponto fraco.
Era a preguiça.
Tamanha era sua preguiça que às vezes nem cometia nenhum outro pecado, só pelo prazer de ficar à toa, assim, sem fazer nada.
Mas sabia quais eram os sete pecados capitais, isso qualquer um sabe.
Sabia e os cometia com freqüência, querendo e sem querer.
Só ainda não tinha matado ninguém e nem pretendia fazê-lo, aí já seria demais.
Na sua opinião, a religião jamais conseguiria podar sentimentos intrinsecamente humanos.
Inclusive, acreditava que o fato de alguns hábitos pertencerem à categoria pecado os tornava ainda mais atraentes.
Mas Abigail não pecava descomedidamente, a cada segundo do dia, não.
Também não pecava todos os pecados na mesma proporção.
Assim como todos os seres humanos, possuía um pecado preferido, sua característica mais marcante, o seu ponto fraco.
Era a preguiça.
Tamanha era sua preguiça que às vezes nem cometia nenhum outro pecado, só pelo prazer de ficar à toa, assim, sem fazer nada.
terça-feira, 10 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
Oxigênio
Quando eu nasci, nem sabia, mas estava, desde o principio, consumindo oxigênio e produzindo gás carbônico. Isso, por si só, já me colocava em débito com o mundo: eu tinha a obrigação de fazer valer a pena. Eu tinha a obrigação, no mínimo, de ser feliz.
A gente nem sabe disso quando nasce, mas só por respirar, já estamos em débito.
Eu não colaborei tanto assim com a humanidade. Não descobri a cura de nenhuma doença, não inventei o avião e tampouco plantei muitas árvores.
Vim, usufruí e consumi de todo tipo de invenção tecnológica. Sem nunca ter colaborado em nada para o seu desenvolvimento. Nada.
E quem gostaria de saber de uma vida como a minha?
Existem bilhões de seres humanos na face da Terra neste momento. De cada um que nascer e morrer, poucos irão lembrar. Apenas os filhos e, quando muito, os netos. Uns poucos ficarão na memória, por algum tipo de genialidade ou fatalidade do destino. O resto vem, vive e vai embora. Usufrui de tudo e não colabora em nada.
E no final, ainda reclama do governo.
Ainda assim, sinto vontade de escrever sobre a minha vida. Se ninguém quiser ler, não há problema, em especial depois que eu houver partido. Não há problema.
Já terão dividido os meus bens, os meus livros, já terão rasgado as minhas fotos. Não me importo caso não leiam sobre a minha vida. Sobre a minha pacata e humilde vida.
Não foi uma vida rica em acontecimentos. Não escalei o Everest, não convivi com celebridades, não viajei o mundo com uma mochila nas costas e nem fui para a guerra. Nem convivi com as drogas: sequer as experimentei.
Mas foi uma vida rica em sentimentos. E a cada suspiro, inspirava ainda mais oxigênio. Aquele, que não ajudei a produzir, mas consumi sem parcimônia.
Aquele que os meus pulmões transformavam em gás carbônico e despejavam pelo mundo.
Enfim, morrerei em débito.
A gente nem sabe disso quando nasce, mas só por respirar, já estamos em débito.
Eu não colaborei tanto assim com a humanidade. Não descobri a cura de nenhuma doença, não inventei o avião e tampouco plantei muitas árvores.
Vim, usufruí e consumi de todo tipo de invenção tecnológica. Sem nunca ter colaborado em nada para o seu desenvolvimento. Nada.
E quem gostaria de saber de uma vida como a minha?
Existem bilhões de seres humanos na face da Terra neste momento. De cada um que nascer e morrer, poucos irão lembrar. Apenas os filhos e, quando muito, os netos. Uns poucos ficarão na memória, por algum tipo de genialidade ou fatalidade do destino. O resto vem, vive e vai embora. Usufrui de tudo e não colabora em nada.
E no final, ainda reclama do governo.
Ainda assim, sinto vontade de escrever sobre a minha vida. Se ninguém quiser ler, não há problema, em especial depois que eu houver partido. Não há problema.
Já terão dividido os meus bens, os meus livros, já terão rasgado as minhas fotos. Não me importo caso não leiam sobre a minha vida. Sobre a minha pacata e humilde vida.
Não foi uma vida rica em acontecimentos. Não escalei o Everest, não convivi com celebridades, não viajei o mundo com uma mochila nas costas e nem fui para a guerra. Nem convivi com as drogas: sequer as experimentei.
Mas foi uma vida rica em sentimentos. E a cada suspiro, inspirava ainda mais oxigênio. Aquele, que não ajudei a produzir, mas consumi sem parcimônia.
Aquele que os meus pulmões transformavam em gás carbônico e despejavam pelo mundo.
Enfim, morrerei em débito.
domingo, 8 de março de 2009
Jogo
A vida é um jogo cujas regras não estão escritas. Nem todos partem do mesmo ponto e cada um quer chegar a um lugar diferente. Não há um tabuleiro e, por conta disso, nunca sabemos se estamos no caminho certo. O jogo não pára, nunca pára. Alguns poucos desistem, mas a maioria segue indo em frente, mesmo sem imaginar onde vai dar. Algumas rodadas nos são favoráveis, outras, nem tanto. Difícil acreditar que estamos indo para frente mesmo quando nada está dando certo. Muitas vezes é difícil também acreditar que apesar de estarmos todos jogando, não somos concorrentes. A vitória de um é a vitória de todos e no jogo da vida sorte no jogo significa também sorte no amor, em todas as suas configurações.
sábado, 7 de março de 2009
Quem se identifica?
sexta-feira, 6 de março de 2009
Biblioteca
Essa menina não é normal, não senhor. Pegou cinco livros na biblioteca antes de ontem e acabou de devolvê-los todos lidos. E sabe o que é pior? Já foi me pedindo outros, pelo menos uma meia dúzia. Sei, claro que sei, ler é muito bom. Um hábito admirável. Entendo, claro, doutor, que a juventude deveria ler mais. Mas cinco livros em um dia também já é demais, né? Assim eu não dou conta! Nem eu e nem o acervo da escola, que não passa dos 20.000 exemplares. Em mais de 25 anos de profissão, eu nunca vi um caso desses. Essa garota é uma aberração. Falei com a diretora e ela me autorizou a trazê-la ao consultório médico porque o caso chega a ser patológico. É melhor o senhor ligar para a mãe dela, ver do que ela está se alimentando, se é menina prodígio ou sei lá o quê. Você não namora não, minha filha? Só lê, o dia todo? Até eu, bibliotecária, tenho os meus limites! Fale com a mãe dela, doutor, o senhor que é o médico da escola e tem mais autoridade que eu, uma simples bibliotecária, e veja o que podemos fazer. Assim não se pode ficar.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Em homenagem ao livro de poemas que ganhei hoje... =)
POETAS
Só os poetas me entendem, só os poetas
Procurei a compreensão, encontrei só nos poemas
Eles sentiram a mesma emoção, as mesmas penas
Os poetas sentem tudo
Coitados dos poetas
O dom de escrever lhes é dado
Para que não explodam
De tanto sentir
De tanto sofrer
De tanto chorar
De tanto chover
De tanto sorrir
De tanto viver
E com tanto tormento
A caneta vem bem a contento
Para diluir
O sofrimento
Só os poetas me entendem, só os poetas
Procurei a compreensão, encontrei só nos poemas
Eles sentiram a mesma emoção, as mesmas penas
Os poetas sentem tudo
Coitados dos poetas
O dom de escrever lhes é dado
Para que não explodam
De tanto sentir
De tanto sofrer
De tanto chorar
De tanto chover
De tanto sorrir
De tanto viver
E com tanto tormento
A caneta vem bem a contento
Para diluir
O sofrimento
COMENTÁRIOS ANÔNIMOS...
Pessoal, por favor, quem escolher a opção "anônimo" quando deixar um recado... Lembre-se de assinar no final... Para que eu saiba quem foi...
Bjos!
Tereza =)
Bjos!
Tereza =)
terça-feira, 3 de março de 2009
Mais uma poesia...
Abandone
Os talheres
Os garfos
E as colheres
Esqueça a etiqueta
E o ritual
Dispense todo
O cerimonial
Não use
Guardanapo
Quando tudo
Está no papo
Ignore os bons modos
E as boas maneiras
Engula a vida
De primeira!
Os talheres
Os garfos
E as colheres
Esqueça a etiqueta
E o ritual
Dispense todo
O cerimonial
Não use
Guardanapo
Quando tudo
Está no papo
Ignore os bons modos
E as boas maneiras
Engula a vida
De primeira!
segunda-feira, 2 de março de 2009
A paz...
A paz. Sendo eu tão absurdamente intensa e ansiosa.
Enfim, encontro a paz.
A paz tem sabor de água: aquele sabor de nada, indefinível, que afinal achamos bom.
A paz é como a água: refresca, hidrata, faz bem à saúde.
A paz tem sabor de água: aquele sabor de nada, indefinível, que afinal achamos bom.
A paz é como a água: refresca, hidrata, faz bem à saúde.
Nos faz sobreviver.
Não traz úlceras, como o café e a paixão.
Não traz enjôo, como o amor e os licores.
Não dá ressaca, como o ódio e os vinhos.
A paz. Para mim, depois de tanto tempo, tem um sabor especial.
A paz é insípida, incolor, inodora e inofensiva.
Tenho hoje uma paz só minha, uma paz fresquinha, uma paz com sabor de água misturada: nem quente, nem gelada.
A paz é quando o coração bate de forma que a gente nem nota.
Não traz úlceras, como o café e a paixão.
Não traz enjôo, como o amor e os licores.
Não dá ressaca, como o ódio e os vinhos.
A paz. Para mim, depois de tanto tempo, tem um sabor especial.
A paz é insípida, incolor, inodora e inofensiva.
Tenho hoje uma paz só minha, uma paz fresquinha, uma paz com sabor de água misturada: nem quente, nem gelada.
A paz é quando o coração bate de forma que a gente nem nota.
domingo, 1 de março de 2009
Gaste a sua vida
AGRADECIMENTOS
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