quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Recreio


Inocentes os que pensam
Que uma palavra é só uma palavra
E que um sorriso é uma coisa à toa

Indefesos os que lutam
Com armas brancas e pretas
De tiros e facas

Tristes os que lembram
De guerras e feras
De amores e mapas

Crédulos os que crêem
Que não crer em nada seja a melhor crença
(Ainda que não creiam tanto assim)

Vazios os que sentem
Que é melhor nem sentir nada

Poetas os que crêem que as palavras
Não são assim tão inocentes
Pulam, brincam e gracejam
Mas também servem de espada - e escudo

Poetas os que vazios
Se inspiram cheios
E mesmo tristes
Alardeiam:
Poesia é recreio!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012



MORCEGO

Dedetizou seus sentimentos
Não mais vespas ou baratas
Apenas aquele bom e velho morcego
De quando em quando e sempre e especialmente à noite
– e ainda mais no calor
Apenas aquele velho morcego
De dia, acordada, um chato
À noite, em seus sonhos, um gato

terça-feira, 23 de outubro de 2012

De volta e de cara nova...

Porque, como diria Clarice Lispector:


"Até hoje não sabia que se pode não escrever. Gradualmente, gradualmente, até que de repente a descoberta muito tímida: quem sabe, também eu poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável."



E o poema de retorno:





MEMÓRIAS

Ligou um blues em seu coração
Cozinhou alguns pensamentos em banho-maria
Varreu os problemas que costumava esconder debaixo do tapete
Perfumou alguns poemas
Assoprou algumas lembranças e telefonou para a saudade
Desenhou uns rostos em sua cabeça
Requentou um antigo amor na frigideira
Regou as lembranças com lágrimas
Costurou umas velhas feridas abertas
Acendeu a chaleira dos seus sentimentos
Adicionou açúcar e mexeu com uma colherzinha de prata
Bebeu uma xícara de risadas
Por fim, cansada, dormiu
E escreveu um lindo sonho em seu travesseiro

domingo, 14 de novembro de 2010

Agenda da Tribo 2011

Pessoal,

Depois de muito tempo sem postar...

Estou aqui para dizer que tenho 32 textos/ poemas na AGENDA DA TRIBO 2011.

Quem tiver interesse em adquirir alguma é só deixar recado aqui com o e-mail de contato, ok?

Beijos a todos!!!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATALLLL!!!


NATAL

Um homem
De Neanderthal
Roubou a minha árvore
De Natal

E o Papai Noel
Vejam bem
Está no céu
De refém

E o peru
Ouçam o que eu digo
Foi comido
Ainda vivo

O meu Natal
Foi pro espaço!
E agora?
O que eu faço?

terça-feira, 24 de novembro de 2009


CANETA

Uma caneta
Na minha mão
É como bala
De canhão

É faca
Arma branca
Mata
Machuca
Maltrata
Espezinha
Destrata
Arranha
Intimida
Assanha
Estapeia
E apanha...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Por Acaso


Eles não se viam há tempos e se encontraram meio que por acaso.

Deus havia resolvido premiá-los, já que ela havia feito as pazes com a mãe e ele havia largado o cigarro.

A quantidade de pessoas que transitava pela rua quase fez com que não se reconhecessem.

Ele andava apressado, tinha uma consulta médica.

Ela falava com alguém ao celular, mas tratou de logo encerrar a conversa para poder cumprimentá-lo.

Sorriram, se abraçaram, perguntaram um ao outro como ia a vida.

Responderam ambos que a vida ia bem – e corrida. “Ah, que vida é essa, não temos tempo para mais nada!”.

Ele disse que tinha um compromisso, com ar de mistério. Preferiu não dizer que os seus rins estavam lhe matando e iria ao urologista para ver o que fazer.

Ela completou que o seu horário de almoço também estava no final, precisava ir. No seu escritório era assim, “todo mundo cuidando da vida de todo mundo”.

Comentaram sobre tomar um café um dia desses, algo que sempre falavam, mas nunca faziam.

Ele seguiu caminhando em direção ao consultório, sem muita convicção de que a consulta seria mesmo necessária: já não sentia aquela dor.

Ela, ao contrário do que havia dito, tinha acabado de sair do escritório, mas já não sentia fome. Sorridente, trocou o almoço por um delicioso sorvete de creme, seu sabor favorito.

O dia prosseguiu bem para os dois.

Ele se sentia leve.

Ela se sentia feliz.

E haviam sido só uns três minutos de conversa.

“Questão de energia”, elocubrou ela.

“Ela não pode nem sonhar com isso”, pensava ele.

Os dias se passaram e a dor dele voltou.

O mau humor dela também.

Ele retornou ao médico, que lhe receitou uns tarja pretas.

Ela se entupiu de batatas fritas nos cinco almoços que se seguiram.

Nenhum dos dois tomou a iniciativa de marcar o café.

Ele achava que tinha que disfarçar.

Ela achava que era ele quem tinha que ligar.

Ele voltou a fumar.

Ela cortou relações com mãe, que criticou a escolha do tecido das suas novas almofadas.

E então Deus achou que eles não mereciam mais acasos.

E, para ambos, a vida prosseguiu de forma previsivelmente sem graça.

Como tantas e tantas por aí.

domingo, 8 de novembro de 2009


POETA

Se você disser que é profeta
Eu acredito
Se disser que é poeta
Eu grito!

terça-feira, 27 de outubro de 2009


RESOLUÇÃO

Uma forma peculiar
De resolver um problema
É transformar
Todo e qualquer teorema
Em poema

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Para ler na rede...


SENTIMENTOS

A culpa está ali ao lado, se auto-flagelando
Enquanto a pressa saiu correndo
A raiva está roxa
O medo tremendo
E as lágrimas nadam em água salgada

Enquanto isso
Bem ao lado
A preguiça
Ali olhando
Na rede
Balançando...